Durante o tumulto da saída, eu não queria
perdê-la de vista. E se ela mudasse de idéia ?
Quando o portão da escola se fechou atrás de nós duas,
ela sorriu pra mim.
Corríamos como o mundo fosse acabar,
rindo como duas loucas. Quando chegamos ao
ponto, mal conseguíamos respirar.
'' O que vai fazer nas férias ? '' ela me perguntou
enquanto nos acomodávamos no ônibus. Eu não sabia.
E não queria falar. Queria apenas olhar . O caminho
do ônibus, as ruas que eu não conhecia e
que eram as suas ruas..
Ela me contou que durante todo o ano me observara,
intrigada. Queria ser minha amiga mas não tinha coragem
de me interromper. Eu era sempre tão silenciosa e sozinha.
Chegamos. ela morava numa casa branca.
Uma casa com quintal e cachorro. Sua mãe havia saído.
Depois fomos para o seu quarto e ela abriu o armário
e tirou de dentro uma pequena caixa.
Era um violino. '' Quer que eu toque ? '' perguntou.
Fechei os olhos e ela tocou para mim.
Percorremos juntas um caminho de pedras, rios e flores vermelhas.
'' Um dia, por acaso, quando não existiam mais ônibus
e as casas eram cada vez mais raras, ao entrar numa rua
tive a sensação de que já havia estado ali, alguma vez,
em um tempo tão distante, quase numa
vida passada. Lembrei-me imediatamente de duas amigas
que juraram não se perder nunca, mesmo que
a cidade se emaranhasse como um grande novelo ! ''
[ Dedicado á minha melhor amiga ; Um pedaço de nossa história.
Um fragmento do que construímos um dia ! ]
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