Total de visualizações de página

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Pequeno Passageiro...




Dia trinta e um de janeiro.
Lá fora , um imenso povo;
Aqui dentro, um passageiro
disfarçado em um grande ovo.

Quinze de fevereiro, já sou um embrião.
Já pressinto a alegria da mãe sofredora,
que ignora que vivo, e então
sou um mísero ser num imenso espaço preenchido.

Dia vinte e cinco, nada vai mal.
o tubo cardíaco começou a bater,
E o cérebro e a medula espinhal
já estão comigo, prontos ao meu nascer.

Dois de março, me surpreendo :
Meço três milímetros, não é ?
Mamãe se enjoa  facilmente e, muito sofrendo,
não consegue nem tomar ao menos, um digno café.

Já é nítido meu formato
Minhas perninhas , meus bracinhos.
Meu desenvolvimento já é um fato,
e eu percebo que mamãe que tenta me rejeitar,
no fundinho dela, á de me amar e me dar muito carinho ...

Primeiro de abril , parece mentira,
Já sei o sexo que me deu o destino.
Felizmente, dentro de mim não há ira,
Porque, eu juro, sempre quis ser menino !

Oito de maio, progrido demais,
A natureza tantas surpresas me mostra.
Estou feliz, nem embrião sou mais.
Sou feto...sou fato, sou quase criança.

Dez de abril, estou me sentindo gente;
Estou aqui torcendo pelo tempo;
Torcendo para que, de repente,
mamãe finalmente me aceite , me tenha como filho
e não me trate indiferente.
Ela é importante para que eu me sinta amado !

Dez de maio , mamãe me sente como sua dor,
Sou parte dela e , por ela irei ao mundo.
Sou resultado de um grande amor
De quem deu o que tinha de mais profundo.

Em seu organismo, vivo e me alimento,
Somos dois seres,  mãe e filho , um só.
E ainda muito confuso aqui dentro,
eu temo por sofrer e sinto dó.

Quinze de junho, mamãe acordou indisposta,
Saiu e, para onde ia, não comentou.
Perguntaram-lhe, não houve resposta.
Hoje...hoje no dia que viria ao mundo
mamãe partiu da existencia
eu Nasci e Mamãe me deixou ...







Nenhum comentário:

Postar um comentário